domingo, 16 de janeiro de 2011

Aula 1 cinema

1. A Imagem - Abordagem Histórica.

2. O Poder das Imagens.
A imagem é o mais antigo processo de registo da história humana, surgiu a partir do momento em que o homem sentiu a necessidade de comunicar e descobriu ser capaz de analisar, reflectir, interpretar e interferir na sua própria realidade. Deixou vestígios das suas faculdades imaginativas em diversos lugares através de desenhos e pinturas nas cavernas e por onde passava. Muitos destes vestígios constituíram-se como os precursores da escrita, utilizando processos de descrição-representação, a exemplo dos petrogramas (desenhados ou pintados) e petroglifos (gravados ou talhados) que representam os primeiros meios de comunicação humana. No século XXI, a imagem adquiriu um significado poderoso e abrangente, resultante de uma sociedade que a utiliza ostensivamente como veículo de comunicação e cultura, a exemplo da fotografia, do cinema, da televisão, da internet e do multimédia. Actualmente, o universo imagético destaca-se na sociedade. Tal destaque deve-se ao facto de a reconhecer como um dos principais recursos cognitivos. O homem contemporâneo é por excelência um consumidor de imagens, por isso tenta compreender o que elas comunicam e transmitem. Através de sua trajectória histórica tem proposto possibilidades de leitura do seu mundo ao produzir signos e formas de linguagem pelas quais ele interpreta o mundo, e se situa nele. Nestes contextos, a imagem pode ser entendida como a essência material da própria civilização humana. Ainda que

O público de um modo geral tornou-se prisioneiro de ecrãs, onde efeitos de luz, formas, cores e movimento desempenham a tarefa de atrair a atenção, num cenário em que, normalmente tudo se apresenta como um grande espectáculo.

3. Fases de Produção de um Videograma.
a imagem se apresente sob determinados aspectos remete-se sempre ao visível, pois só se concebe através dos traços interpretados, do visual e da imaginação. Na nossa cultura, dominada pela linguagem do visível, a imagem deslocou-se sensivelmente para o nível icónico. Trata-se de uma população consumidora de produtos visuais que, mesmo sem se dar conta, vive imersa num mundo virtual. Mas as imagens combinadas com os sons, têm o poder de activarem, em nós, mecanismos mentais que produzem um fenómeno de transfiguração de sentimentos e emoções para personagens e universos virtuais.Para se produzir vídeos
Um esquema básico da organização da produção de um vídeo costuma ter os seguintes passos:
não é necessário um equipamento muito sofisticado. Existem vários programas de edição de imagens, alguns mais simples e baratos e outros mais sofisticados e caros. O mais simples vem com o Windows XP ou Vista: é o Movie Maker. Permite alterar o filme da forma que cada um quiser, com um clique na opção linha do tempo (timeline).
1 – Fase de Pré-Produção:
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A ideia: a ideia é o tema principal que move a produção de um vídeo, no fundo trata-se de saber qual é o assunto focado; A elaboração do guião: momento em que a ideia toma forma propriamente dita. Nesta etapa definem-se os personagens, as cenas (locais da acção), os planos (enquadramentos), os movimentos da câmara, e o que se pretende, de facto, passar para o público com a obra. Usa-se muito um "storyboard" (semelhante a uma história em banda desenhada com as imagens que se pretendem gravar e os diálogos ou outras informações por baixo);
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O plano da rodagem: nesta fase faz-se a elaboração de uma planificação calendarizada, onde são especificados todos os locais de filmagem, bem como as datas, os horários, os personagens, os figurinos, os cenário, os adereços (objectos usados em cena), o número de cada cena, etc.
2 – Fase de Produção:
- O registo das imagens (rodagem): é a filmagem propriamente dita, em termos técnicos diz-se "rodagem" do filme;
3 – Fase de Pós-Produção:
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4. A Linguagem Audiovisual.
A edição do vídeo: depois das filmagens, torna-se necessário contar a história de acordo com a ordem do guião, chama-se "edição" ao processo de juntar os planos, sonorizar (acrescentar música) e os créditos (lista do elenco e dos técnicos que fizeram o vídeo). A exportação ou a publicação: depois do vídeo estar finalizado pode-se gravar para DVD, integrar numa apresentação multimédia ou alojar num portal da escola ou no "Youtube".Na produção de videogramas, existe um pequeno universo de conceitos que ao ser entendido pode permitir, tanto a professores, como a alunos, realizarem conteúdos videográficos de melhor qualidade técnica e estética.

Assim, começando pelos conceitos básicos, podemos considerar

O
o plano, a cena e a sequência. plano é a unidade fundamental da linguagem audiovisual e é uma tomada de vista feita em continuidade, ou seja é o registo daquilo que temos no enquadramento do visor de uma câmara enquanto gravamos. Sempre que fazemos uma nova tomada de vista mudamos de plano. Estas tomadas de vista, podem ser analisadas em relação à dimensão do enquadramento escala de planos (tudo aquilo que está dentro do visor), à composição (disposição dos elementos na profundidade do espaço, ou seja aquilo que está mais perto ou mais afastado da câmara) e finalmente em relação ao ângulo de observação ou perspectiva (nível ou altura a que observamos as coisas).
1 – A Escala de Planos:
E
(Nota: partindo do enquadramento mais fechado para o mais aberto).
m relação à escala de planos, ou dimensão do enquadramento, usa-se a figura humana para dimensionar a realidade inserida no enquadramento (área do visor da câmara), porque é um elemento facilmente referenciável por todos. De acordo com a porção da figura humana enquadrada, assim se define a nomenclatura do plano:
Plano de Pormenor

Muito Grande Plano

Grande Plano

Plano Próximo

Plano Médio

Plano Americano

Plano de Conjunto

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Plano Muito Geral

2 – A Composição:
– Enquadra um pormenor do corpo humano ou de um objecto.– Enquadra o corpo humano desde o meio da testa até ao queixo. Este é um plano que aumenta a intensidade dramática, realçando a máxima expressão do rosto ou de uma emoção. – Enquadra o corpo humano desde o cimo da cabeça até aos ombros do personagem. Pretende mostrar a cara do personagem revelando com intensidade as suas expressões, pensamentos ou mesmo a própria vida interior.– Enquadra o corpo humano desde o cimo da cabeça até à linha do peito. Estabelece uma proximidade em relação a um objecto ou a um personagem. Este plano ainda não revela o ambiente envolvente, mas acentua uma acção dramática, intenções ou atitudes do personagem. É utilizado normalmente em cenas de diálogos. – Enquadra o corpo humano desde o cimo da cabeça até à linha da cintura. Não revela ainda grande parte do ambiente envolvente, convertendo o personagem no centro das atenções. É usado para mostrar as relações entre as pessoas.– Enquadra o corpo humano desde o cimo da cabeça até aos joelhos. Muito utilizado na época dos westerns (daí o nome), para enquadrar os personagens e as suas pistolas. Este é um plano que já revela algum ambiente envolvente ao personagem. - Enquadra mais do que um personagem, mas não chega ao plano geral (totalidade das figuras). É um plano revelador dos pormenores da acção dos personagens e parcialmente do ambiente envolvente.Plano Geral – Enquadra o corpo humano desde o cimo da cabeça até aos pés. Permite situar o personagem no espaço dramático envolvente. – Enquadra a totalidade do corpo humano mais o espaço envolvente. Permite uma visão bastante ampla do ambiente em redor do (s) personagem (ns).Definida a dimensão do plano (enquadramento), analisamos a disposição dos elementos dentro do enquadramento, aquilo que está mais próximo ou mais afastado do observador. Geralmente considera-se três níveis de composição de imagem:
- o que está em
- o que está em
- por último o

Uma regra que ajuda a manter o equilíbrio na composição da imagem, é a

3 – A Perspectiva:
primeiro plano (o que está mais próximo do observador); segundo plano (aquilo que se encontra por detrás do primeiro plano); plano de fundo (geralmente é o cenário). regra dos terços. Esta regra considera que se dividirmos o enquadramento (imagem que surge no visor) em três partes iguais, tanto na horizontal como na vertical, os pontos de intercepção são os chamados pontos fortes da imagem, e é sobre estes pontos que se devem posicionar os elementos enquadrados, resultando numa imagem mais equilibrada.Finalmente, e ainda considerando o enquadramento, falta considerar o ângulo em que é feito esse enquadramento, ou seja a perspectiva. A

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perspectiva está relacionada com a altura em que se posiciona a câmara em relação ao tema enquadrado. Dizemos que a perspectiva é normal, quando a câmara se situa ao nível do olhar de pé, ou seja o olhar do personagem está ao mesmo nível da câmara. Esta perspectiva dá a entender que o personagem pretende comunicar directamente com o espectador. 3 – A Perspectiva: Finalmente, e ainda considerando o enquadramento, falta considerar o ângulo em que é feito esse enquadramento, ou seja a perspectiva. A

Dizemos que a

A

4 – Os Movimentos de Câmara:
perspectiva está relacionada com a altura em que se posiciona a câmara em relação ao tema enquadrado. Dizemos que a perspectiva é normal, quando a câmara se situa ao nível do olhar de pé, ou seja o olhar do personagem está ao mesmo nível da câmara. Esta perspectiva dá a entender que o personagem pretende comunicar directamente com o espectador. perspectiva é um picado, quando a câmara está numa posição superior àquilo a que se filma, inclinada para baixo, em direcção ao chão, ou seja, tratando-se de um personagem, quando o olhar do personagem está a um nível inferior ao da câmara. Se um personagem é visto de cima parece mais pequeno e dominado. O picado reduz a figura humana.perspectiva é um contra picado quando a câmara está numa posição inferior àquilo a que se filma, inclinada para cima, em direcção ao céu, ou seja, tratando-se de um personagem, quando o olhar do personagem está a um nível superior ao da câmara. Se um personagem é filmado em contra picado, aparece engrandecido em relação ao observador. O contra picado sobrevaloriza a figura humana. Os planos podem ser fixos, quando não existe movimento da câmara ou terem movimento. Quando isso acontece, podemos efectuar

Fazem-se

Fazem-se

Designa-se
panorâmicas, travellings ou zoom. panorâmicas, sempre que se executam movimentos para a esquerda, direita, para cima ou para baixo, mas com a câmara montada num tripé fixo (a câmara roda sobre um eixo vertical, horizontal ou oblíquo). travelligs quando a própria câmara se desloca, seja sobre calhas (charriot, designação de um pequeno carrinho com rodas usado um produções televisivas ou cinematográficas), ou sobre rodas (dolly). (travelling in - aproxima ; travelling out - afasta). Zoom à ilusão de movimento criado pela utilização da objectiva zoom (possue distância focal variável). Zoom in - aproxima a imagem , ou fecha o enquadramento ; zoom out - afasta a imagem ou abre o enquadramento).
Movimento de câmara à mão
- movimentos criados pela utilização da câmara à mão ou no ombro, e é caracterizado pelas oscilações típicas do andar e pela grande liberdade de movimentos.
5 – A Cena e a Sequência:
Definido o conceito de
Gostaria de fazer, ainda, algumas referências a pontuações da linguagem audiovisual e abordar pequenas indicações, daquilo a que os franceses designam por
plano, já podemos considerar a cena e a sequência. Designa-se por cena um conjunto de planos (tomadas de vista) que registam uma acção dentro do mesmo espaço dramático. Geralmente sempre que se muda de lugar, muda-se de cena. A sequência é um conjunto de cenas (acções dramáticas), com continuidade entre si e que concluem uma acção. mise-en-scenne (encenação).
6 – O Raccord:
Há quem considere o cinema a arte da elipse e do
Esta continuidade estende-se não só ao guarda-roupa, ao cenário e aos adereços, mas também ao próprio ritmo de representação dos actores. As cenas, na maioria das vezes, não são rodadas pela ordem na qual as vimos posteriormente nos filmes, já montados. Por motivos de custos de produção, podemos rodar uma cena hoje com sol e com determinados adereços e guarda-roupa, e por alterações no estado do tempo, só voltarmos a acabá-la uma semana depois com as mesmas condições de rodagem. Isso implica que quando as editarmos (fase de montagem do filme, conhecida por pós-produção) elas têm que fazer

Exemplo de

Uma forma de

7 – As Elipses:

5. A Invenção do Cinema.
raccord. O conceito de raccord que remonta aos inícios do cinema, define-se como tudo aquilo que assegura continuidade, de plano para plano, dentro de um filme. raccord, ou seja têm que colar. Têm que ter as mesmas condições de luz, adereços, guarda-roupa, o mesmo ritmo de representação, etc. Isto aplica-se às cenas e aos planos. Se fizermos um corte numa tomada de vista, para mudarmos para outro plano, temos de fazer o corte sobre a mesma acção, senão não temos raccord. raccord de acção, na mudança de plano geral para plano próximo ( o corte é feito na acção, ou seja o personagem está na mesma posição, quando se muda de um plano aberto para um mais fechado). Isto cria o efeito de continuidade entre os planos. mise-en-scenne (realização) que pode assegurar que as cenas façam raccord, é utilizar uma técnica optimizada pela indústria de Hollywood, que consiste em rodar uma determinada cena em plano de sequência (master shot – cobre a totalidade da acção) e posteriormente repetir só partes mais importantes da mesma acção com planos próximos (cover shots – só as partes mais importantes da acção). Depois na edição insere-se na cena que foi registada com a totalidade da acção, os inserts (planos próximos) com os detalhes mais significativos, aumentando a intensidade dramática à sequência.As elipses são saltos no tempo e no espaço. O cinema é arte da elipse porque, na narrativa ficcional do guião de um filme, só vimos o que é importante para o desenvolvimento da acção, as acções que não contribuem para esse objectivo, são eliminadas. É comum vermos personagens a saírem de sua casa e a chegarem a um novo local (nova cena), eliminando todo o percurso real que em nada contribui para o desenvolvimento da narrativa. Chama-se a isto elipse. As elipses contribuem para incutir dinâmica e ritmo às imagens. Existem elipses temporais (saltos no tempo) e elipses espaciais (saltos no espaço). Um flash back é uma elipse que recua no tempo. Finalmente uma pequena referência histórica à invenção do cinema. A invenção do cinema resultou do desejo de projectar imagens ao longo dos tempos, mas foi no séc. XIX, após do advento da

Foi assim, por exemplo, com o cinetoscópio, inventado por Thomas Edison em 1892, e que para além de outros inventos patenteou a lâmpada eléctrica. O aparelho exibia um pequeno filme com imagens simples, como dançarinas em movimento, que podiam ser vistas através de um pequeno visor. invenção do cinema é considerada no dia 28 de Dezembro de 1895, porque foi neste dia que os irmãos Lumiére, no subterrâneo do Grand Café, na avenida dos Capucines, em Paris, realizaram a primeira exibição pública e paga de cinema: uma série de dez filmes, com a duração de 40 a 50 segundos cada, pois os rolos de película tinham apenas quinze metros de comprimento. Os filmes até hoje mais conhecidos desta primeira sessão chamavam-se "A saída dos operários da Fábrica Lumière" e "A chegada do comboio à Estação de Ciotat", cujos títulos exprimem bem o conteúdo. O cinematógrafo, aparelho usado por Louis e Auguste Lumière (industriais da fotografia) na primeira sessão pública de cinema, era ao mesmo tempo câmara, projector e copiador, além de ser leve, funcional e utilizar a velocidade de projecção de 16 fotogramas por segundo – padrão muito próximo do cinema actual. O cinema expandiu-se, a partir de então, por toda a França, Europa e Estados Unidos, através de cinematografistas enviados pelos irmãos Lumière, para captar imagens de todo o mundo. Foi o início da globalização cultural baseada na difusão da imagem.

Mas a data oficial da
fotografia em 1826 com Joseph Niépce, que surgiram inúmeros aparelhos ópticos que tinham como função criar efeitos de ilusão relacionados com a imagem em movimento.

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